segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 129

ABANDONEM AS TORRES DE MARFIM! 
ARTE É:
 PRODUÇÃO, AÇÃO, INTERVENÇÃO.

ABAIXO OS GÊNIOS!

A OBRA DE ARTE NÃO É OBJETO SAGRADO. 

A ARTE DEVE ESTAR A SERVIÇO DO POVO!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 128

ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO!

A arte é política não apenas no campo da mensagem social.

 A arte é uma prática social, uma forma de produção. Como nos ensinam autores como Bertolt Brecht e Walter Benjamin, precisamos transformar  as relações entre produtor artístico e público. Precisamos transformar as relações de produção literárias. 

Indo além das opiniões políticas, o artista revolucionário deve transformar leitores, ouvintes e espectadores em produtores/colaboradores, isto é, artistas participantes.   

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 127

TUM TUM TUM... Um estranho silêncio após a pancada na nuca . Quem se atreve a falar, cantar, criar?

(No trajeto do silêncio não existem pontos finais)

Os verdadeiros artistas não aceitam vendas nos olhos e nem bocas fechadas. Nem todas as tesouras da terra juntas podem cortar o canto livre.


Eles não param de cantar
Eles precisam cantar
Eles não podem parar de cantar
Mas não é politicamente perigoso?
Sim, mas o canto é mais forte
Quebraram o violão! Mas a música não para
Quebraram as mãos dos músicos! Mas a música não para
Melodias e versos não podem ser domesticados

NÓS PRECISAMOS CANTAR, CANTAR CANTAR, CANTAR !!!

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 126

Nos espaços em branco dos versos que ainda não foram escritos, ouvimos:

 PESSOAS GRITANDO NUM PORÃO ESCURO

É difícil localizar, identificar com exatidão a época e o local em que estas pessoas estão. Sim, ainda estão: o grito invade a memória, bate na porta da consciência dos vivos.

Gente torturada, gente calada, gente injustiçada 

Quem está gritando no fundo da noite? 
Será Spartacus? 
Será Zumbi de Palmares?
Será Rosa Luxemburgo?
Com toda certeza são milhões de trabalhadores famintos! 

A POESIA ILUMINA CADA CANTO ESCURO DA MEMÓRIA 

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 125

Repudiamos todas as formas de " nostalgia " dos regimes políticos autoritários. Na história do Brasil as ditaduras serviram para perpetuar os privilégios da classe dominante. É importante que os trabalhadores brasileiros saibam das tristes consequências políticas e culturais que períodos autoritários trouxeram para o povo.
 A arte empenhada nas lutas pela libertação foi esmagada por ditaduras. Durante a ditadura do Estado Novo(1937-45) observamos  fogueiras de livros que foram realizadas para queimar romances sociais empenhados na denúncia da miséria; além de prisões e perseguições que escritores e militantes políticos sofreram. Durante a ditadura militar(1964-85) artistas e intelectuais foram presos, torturados e expulsos do país; sem contar que a censura calou muitos filmes, livros, canções, peças de teatro, artigos, aulas etc. 
 Se você pensa que os defensores da liberdade e da igualdade são " vagabundos " , passe longe do nosso blog. Mas se você acredita na importância da arte e do conhecimento crítico para contribuir com a transformação política da sociedade, divulgue nossa pequena trincheira cultural.    

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 124

10 Dicas literárias que funcionam como antídotos contra o conservadorismo político:

- A História da Revolução russa, de Leon Trotski

- A Condição Humana, de André Malraux

- Parque Industrial, de Patrícia Galvão

- Judeus Sem Dinheiro, de Michael Gold

- Capitães da Areia, de Jorge Amado

- O Tacão de Ferro, de Jack London

- Nadja, de André Breton

- Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade

- O Quinze, de Raquel de Queiróz

-  Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 123

Escrever não é apenas registrar ou descrever o movimento das coisas. Escrever é ação sobre a consciência dos homens que fazem história e, muitas vezes, se esquecem disso.

LER E ESCREVER: interpretar e agir

A LITERATURA NÃO É O TEMPLO DOS LITERATOS

CONTADORES DE HISTÓRIAS NÃO PODEM IGNORAR O MOVIMENTO DA HISTÓRIA

POETAS POSSUEM ASAS MAS TAMBÉM POSSUEM OS DOIS PÉS NO CHÃO E OS OLHOS SOBRE A REALIDADE SOCIAL 

ESCRITORES DE ESQUERDA NÃO SÃO FUNCIONÁRIOS QUE CUMPREM ORDENS POLÍTICAS. SÃO ARTISTAS LIVRES QUE TRABALHAM PELA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA CLASSE TRABALHADORA







terça-feira, 18 de setembro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 122

Neste convulsivo ano de 2018, acreditamos que o ciclo mensal de filmes CINE 68 , mais uma parceria entre o nosso blog e o Museu da Imagem e do Som da cidade de Campinas, tem cumprido um importante papel político e cultural ao resgatar, analisar, reler e cultivar as imagens libertárias do ano de 1968. Cabe salientar que neste ciclo de filmes procuramos listar obras que embora não tenham sido propriamente lançadas em 1968, pertencem ao mesmo caldo cinematográfico/político do período. Este foi o caso do longa A Chinesa(1967), de Jean Luc Godard, que exibimos no semestre passado. Este será o caso de Terra em Transe(1967), de Glauber Rocha, que exibiremos no próximo dia 13 de outubro. Todavia o filme de Glauber parece exercer uma presença ainda mais perturbadora em 2018.
  Terra em Transe , transformado por muitos jovens de 1968 em bandeira da luta política revolucionária, é uma obra cujas lições alegóricas e violência poética foram fundamentais para a formulação da estética do movimento tropicalista. Esses fatos são conhecidíssimos por historiadores, críticos e estudiosos do cinema brasileiro. Mas se este filme de 1967 exerceu um impacto estético devastador em 1968, em 2018 ele torna-se uma obra não menos controversa: perante a polarização ideológica no Brasil dos nossos dias, em que ocorre a hostilidade e criminalização das ideias políticas de esquerda, o longa de Glauber adquire peso. No enredo do filme, o imaginário país Eldorado metaforiza o Brasil e a América latina como um todo. Os erros políticos da esquerda brasileira, as contradições entre o intelectual de classe média e o povo, as tensões entre a poesia e a política, as convulsões políticas que levaram à queda do presidente Jango e ao Golpe de 64, evento fatídico que marca o triste período da ditadura militar no Brasil(1964-85),  são carnavalizados no filme dentro de um delírio barroco.
 O transe que a esquerda dos anos 60 experimentou com o avanço da extrema direita, é uma realidade  relativamente familiar para o militante de esquerda dos nossos dias: embora existam as obvias diferenças de contexto histórico(afinal, sabemos que a história não se repete), sentimos na pele hoje toda uma onda conservadora que visa abafar o pensamento crítico. Aliás é a própria memória das formas de arte revolucionária que encontra-se ameaçada. É preciso coragem para exibir este explosivo filme de Glauber Rocha.  

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 121

MÃOS
Cansadas, esfoladas, instrumentos gastos


OLHOS
Pequenos, irritados pelo sono, perdidos pela manhã


CABEÇAS
Confusas, sempre realizando gestos de " sim " e " não " mas quase sem se perguntar " por quê "



Para ser dono do seu corpo, para realizar sua vontade, para ser autor de sua vida, o proletário não pode aceitar um mundo em que ele é expropriado, sugado, explorado... 

OS TRABALHADORES DEVEM SE SERVIR DA LITERATURA PARA COMPREENDER O SEU COTIDIANO. 


A HISTÓRIA nos ensina que o homem não " É ". O homem " ESTÁ ". Isto quer dizer que as sociedades humanas estão em permanente transformação. LER e ESCREVER são para o proletariado tão importantes quanto respirar. 


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 120

NÃO PODEMOS PERMITIR QUE A CULTURA SEJA TRAGADA PELAS CHAMAS.

Estamos profundamente abalados com o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Os prejuízos culturais são incalculáveis. Tanto quem pensa a política quanto a arte vive com tradições culturais: são precisamente tais tradições que encontram-se ameaçadas pelo descaso com os museus do Brasil. 

OS TRABALHADORES REVOLUCIONÁRIOS DA CULTURA DEVEM ATUAR NOS MUSEUS, A FIM DE CONTRIBUIR COM A PRESERVAÇÃO DOS ACERVOS E COM A DIFUSÃO DOS DOCUMENTOS DE CULTURA.

PRESERVAR E ORGANIZAR A CULTURA DO PASSADO: este é um dever de todo revolucionário. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 119

AS PALAVRAS CORREM, CORREM, CORREM ATRÁS DOS FATOS.


Um operário de 72 anos carrega as marcas da tortura. Ele foi espancado, levou choques elétricos, socos no ouvido e chutes no saco. Este operário foi uma vitima da ditadura militar(1964-85) no Brasil.


COMO A POESIA PODE SER O DESPERTADOR DA HISTÓRIA?


Um operário de 27 anos se encanta com discursos políticos autoritários. Ele pensa que a fome é ira divina e que o capital é seu amigo.


A ATUAL GERAÇÃO DE TRABALHADORES DEVE DOMINAR AS PALAVRAS E NÃO SER DOMINADA PELAS PALAVRAS. 


A realidade brasileira, todo o sofrimento de um povo, pede palavras que anunciam as lutas pela libertação. Precisamos de uma nova poesia revolucionária que seja parte integrante dos esforços militantes. 

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 118

A LITERATURA BRASILEIRA NECESSITA DE ESCRITORES MATERIALISTAS.

O combate ideológico contra o conservadorismo político da atualidade, não se faz com munições etéreas, que repousam no espírito descolado da realidade. 

Poetas e ficcionistas precisam se apresentar como narradores que compram briga com todo atraso intelectual, com toda covardia artística e com toda indiferença política. Os escritores necessários são aqueles que estão colados à realidade da classe trabalhadora, são os escritores trabalhadores que combatem inclusive as formas ideológicas que impedem o trabalhador de entender sua missão histórica. 

 As narrativas capazes de contribuir com o movimento político revolucionário, são aquelas que contam histórias enraizadas nas relações materiais de vida.  

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 117

CUIDADO CAMARADAS! 

Esta pequena publicação tem procurado sempre publicar textos teóricos e literários que flagram as relações progressistas entre arte e política. Porém, na luta de classes existem aquelas manifestações em que a Estética serve à política não para esclarecer mas para manipular. 

MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DEVEM SER O OPOSTO DAQUELAS PROPAGANDAS USADAS A SERVIÇO DO CAPITAL.

 Nestas Eleições que se aproximam, estejam atentos às imagens que distorcem a realidade histórica, que ocultam os mecanismos econômicos e políticos que geram exploração e miséria. Estejam atentos aos discursos intolerantes que fazem uso de imagens harmoniosas para ocultar o caráter opressor do sistema capitalista. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 116

Lá vai mais um trabalhador brasileiro cabisbaixo, com os dois olhos rolando pelo chão eletrônico, pelas paredes de mentira e pelas calçadas eternamente esburacadas.

GRITOS DISTANTES DE GENTE DESESPERADA  

 Ele nem sabe se está indo ou voltando do trabalho, a luz da madrugada e a luz do começo da noite se misturam mentalmente numa estranha imagem que tem a cor da morte. Ele sente apenas a carne e os ossos pesados, a boca amarga, as mãos sujas com os farelos de um dia que nunca será uma bolacha inteira.

O SOM DOS GRITOS ESTÁ MAIS PRÓXIMO

 Esse trabalhador não sabe em quem e muito menos no que acreditar. Ele fica com uma vara de pescar tentando pegar discursos políticos no ar. Outros trabalhadores, vizinhos e conhecidos dele, também tentam pescar discursos. Lhe ocorre por que os trabalhadores brasileiros simplesmente não lutam para acabar com a miséria. Passa pela sua cabeça ensopada de suor que o tempo está passando e tem pouca gente lutando.

OS GRITOS INVADEM AS RUAS: TRABALHADORES SÃO BALEADOS E AÇOITADOS POR ESTRANHOS CAVALEIROS QUE TRAJAM ARMADURAS DIGITAIS. UMA MULTIDÃO DESESPERADA CORRE PELAS SUAS VIDAS!

O trabalhador pensa: - É agora ou nunca. Ou lutamos ou seremos esmagados.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 115

LITERATURA DE AGITAÇÃO!

Poetas seguem com versos esculpidos por punhos cerrados. Lá vão eles descendo as avenidas, subindo os morros, nadando no vento e correndo contra os passos largos do gigante alienado.

Palavras colhidas no sol e endereçadas aos mortos, aos vivos e aos que não sabem que estão vivos. Estas palavras são proibidas de existir no sistema capitalista: elas informam que o mundo gira, que a cabeça se ergue, que a garganta proclama mudanças e que o olho enxerga uma nova história... Sim, um mundo sem ricos e sem pobres. 

O MOMENTO ATUAL EXIGE POETAS REVOLUCIONÁRIOS! 

O VERBO E A LUTA, O VERSO E A POLÍTICA

CAMARADAS: a memória do movimento operário precisa ser cantada por poetas corajosos! 

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 114

80 anos do MANIFESTO POR UMA ARTE REVOLUCIONÁRIA INDEPENDENTE, de André Breton e Leon Trotski. 

Um documento que reabilitou as relações entre arte e marxismo.

Um libelo para artistas revolucionários independentes 

Uma vigorosa defesa da liberdade revolucionária da arte.

Um texto que denunciou os perigos políticos e culturais representados pelo fascismo, pelo stalinismo e pela democracia burguesa.

Uma pequena obra prima que apresenta uma poderosa concepção teórica. 


Apesar do manifesto de Breton e Trotski, publicado em 25 de julho de 1938 na Cidade do México,  pertencer a uma conjuntura histórica específica(isto é,naquele momento o mundo caminhava para a Segunda Grande Guerra), sua atualidade  é inquestionável: trata-se de uma importante orientação cultural  revolucionária para os artistas militantes responderem ao atual conservadorismo político que reina no Brasil e no mundo. 
É fato que a Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente, proposta pelo manifesto, não deu certo devido a uma série de razões históricas. Todavia as ideias do texto ainda comprovam que a arte revolucionária nada tem a ver com o Realismo Socialista. É preciso que os trabalhadores e a juventude saibam reler o Manifesto Por uma Arte Revolucionária Independente. 

domingo, 24 de junho de 2018

Pequena pausa para o café

Agir sobre a luta de classes requer percepção estética. Ao longo dos últimos seis meses publicamos semanalmente pequenos textos literários, breves reflexões estéticas, pequenas peças de agitação e propaganda, exibimos filmes na cidade de Campinas, defendemos a importância da " herança rebelde " nos 50 anos de 1968, debatemos, debatemos e debatemos. O primeiro semestre de 2018 termina num clima de conservadorismo político no Brasil e no mundo. A classe trabalhadora não pode mais aceitar tantos ataques diários.
 Continuaremos lutando neste pequeno espaço, não por mera teimosia. Seguiremos na militância cultural  porque acreditamos na história, porque acreditamos no homem. A libertação dos trabalhadores é historicamente possível. A arte contribui decisivamente para que o proletariado tome consciência disso. 
 Estaremos de volta no final do mês de julho. 

domingo, 17 de junho de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 113

Os trabalhadores precisam desconfiar de toda história que começa com  " Era uma vez "... O perigo mora nos glamorosos relatos. Reportagens com ritmo de conto de fadas e filmes com cara de vídeo game,  ocultam sempre os heróis que protegem com seus escudos a classe dominante.
As historias pra boi dormir estão sempre acompanhadas de celebridades, de indivíduos considerados extraordinários. Mas e o homem do povo, o operário que segue apagado na multidão? Como este operário muitas vezes sem rosto e sem língua, pode ser narrado? Por que alguém precisa salva-lo? Por que ele não assume o controle da narrativa e afirma-se como sujeito histórico?

 Vagando pelas cidades abarrotadas de gente faminta, operários conhecem somente sonhos autoritários e sonhos sobrenaturais. Ele nem desconfia que é parte de uma classe que pode conferir uma nova direção para o mundo... Sim, uma direção política transformadora, na qual os trabalhadores não precisam de super-heróis...

 As narrativas dominantes, condicionadas pelos interesses do capital(este é o grande personagem que está por trás de todas as histórias mentirosas), trazem sempre um grande líder, o chamado vencedor. Porém, acreditamos nos vencidos! O que nós propomos é a produção de textos e imagens em que os trabalhadores não decoram os cenários mas são o centro da ação. Estes produtos artísticos apresentam uma evidência que é preciso mostrar ao povo:

AS MASSAS SÃO AS PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA. 

domingo, 10 de junho de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 112

Um poeta revoltado de classe média... Ele odeia cada milimetro de felicidade burguesa fabricada pela cultura dominante. Sua aspiração não corresponde à educação burguesa que recebeu. Ele sabe que as coisas não vão nada bem. Ele não reconhece possibilidades históricas de superação do capitalismo. Entretanto, ele " odeia ". Mesmo sem questionar as relações de produção capitalistas, ele detesta como poucos o sonho burguês da aparência e da acumulação.



Um poeta operário... Ele também odeia cada milímetro da felicidade burguesa fabricada pela cultura dominante. Seu ódio é contra a classe detentora dos meios de produção. Sua poesia coloca-se como arma ideológica destinada a outros trabalhadores. Sua poesia contempla ideias políticas revolucionárias: ele acredita que através da arte é possível agir dentro da luta de classes.



O QUE AMBOS OS POETAS POSSUEM EM COMUM?

Embora distintos em seus projetos poéticos, estamos falando de 2 poetas de combate. Dentro da militância cultural ambos colaboram para interromper o sucesso capitalista. Cada um, a sua maneira,expressa outra possibilidade histórica: é a possibilidade da libertação, da emancipação. Estes poetas são aliados históricos.

domingo, 3 de junho de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 111

Apresentamos O Relâmpago da história, uma criação coletiva.

" O vento cortava em dois cada metro das calçadas da grande cidade, multiplicando em dez vezes a dor e o frio nos corpos feitos de peles e ossos. Uma gente esfarrapada olhava para o céu em busca de anjos, planetas, estrelas e pássaros que poderiam matar a fome eterna. 
 As nuvens mal humoradas se dissipavam deixando o céu limpo. Nenhum sinal de chuva, mas ainda assim um relâmpago  se manifestava em diferentes pontos da imensidão azul. Um jovem operário percebia que não era um relâmpago  qualquer. Não? Não! Era um relâmpago  barrigudo. O relâmpago estava gravido! Mas gravido de que?
 Aquele mesmo jovem operário subiu no banco de uma praça: ele via imagens na barriga do relâmpago! Quando lampejava as imagens traziam gente, mas muita gente mesmo, lutando. Era claro, mesmo que pelo rápido instante do relâmpago, que as imagens traziam os povos de todos os tempos lutando contra as classes dominantes. O mesmo operário deixou o banco e decidiu subir numa alta árvore para olhar mais de perto:   ele queria ver com maior precisão o conteúdo das imagens que o relâmpago trazia na barriga elétrica. O rapaz percebe que um sujeito lá embaixo gritava por ele: era um cara de paleto roto e uma garrafa de cachaça nas mãos. Era um bêbado instruído que gritava: - Walter Benjamin estava certo! ".  

domingo, 27 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 110


 Para os lutadores da cultura em particular, o momento continua a ser de disputa ideológica. As ideias políticas conservadoras do momento precisam ser combatidas por ideias progressistas, por manifestações artísticas libertárias que nascem das condições reais, concretas da classe trabalhadora. 
Para nós o conhecimento histórico abrange um material estético e político que, diante da possibilidade de ser relido, deve ser estudado e apropriado pelos trabalhadores. Portanto, diante das notícias e manifestações conservadoras, nós informamos o passado portador de energias contestadoras, damos notícias acerca de imagens/ideias necessárias para orientar a luta emancipadora dos nossos dias. Ainda que a maré não esteja pra peixe, lutar com as armas da crítica é o dever dos artistas e dos intelectuais. 
 Uma nova cultura, apoiada em tradições culturais revolucionárias, irá nascer a partir de uma perspectiva política anticapitalista. 

domingo, 20 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 109

A defesa da arte revolucionária não se fundamenta em questões de gosto ou em preferências estéticas. As profundas implicações políticas da arte que participa do mundo real, estão embasadas em uma concepção científica da história: o materialismo histórico dialético apresenta um entendimento revolucionário da história, cuja força motriz é a luta de classes.
 Neste sentido acreditamos que a arte, uma atividade livre e que não pode ser manipulada, é um poderoso meio de expressão para que os trabalhadores tomem consciência da saga entre opressores e oprimidos ao longo dos tempos. A atividade artística não é para nós algo especializado, reservada a uma meia dúzia de iluminados. Não existe tema preestabelecido ou forma artística imposta a priori. O que defendemos é que não existe saída artística fora da luta política: a emancipação política do trabalhador é a emancipação de toda a cultura, é o fim da alienação, é o despertar da personalidade humana nas massas. Para chegarmos a este objetivo histórico, a arte deve participar da luta libertadora.
  Em termos de narrativa, o que pode compreender por exemplo a literatura e o cinema, acreditamos que manifestações artísticas podem fazer com que o povo enxergue o movimento da história, deixando claro que é o proletário dos nossos dias o personagem principal que poderá colocar um ponto final na sociedade de classes. Quem escreve, pinta, filma, canta e atua pode pela imaginação artística estabelecer estratégias para representar a luta de classes.  É como se o trabalhador, após sua longa jornada de trabalho, se sentasse cansado no botequim e conseguisse visualizar os personagens oprimidos do passado, aproximando-se deles. Seria mais ou menos o seguinte:

 Operário sentando no bar olhando despreocupadamente uma praça. Entra no bar um camponês, um escravo do mundo antigo, um plebeu, um servo, um artesão, um indígena e um escravo dos tempos da colonização e do império, e mais alguns operários de diferentes gerações. Todos eles aglutinam-se em torno da mesa do operário e passam a perguntar:

 - Como é? Quando é que você vai acabar com todo este sofrimento? Quando é que você vai se levantar e lutar por uma sociedade justa, sem classes, sem exploração? O futuro da humanidade está em suas mãos!  

As possibilidades estéticas para representar esta cena poética são inúmeras!


domingo, 13 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 108

Falar dos 50 ANOS DO MAIO DE 68, não tem nada a ver com comemorações nostálgicas aos moldes burgueses. Nós buscamos as imagens revolucionárias do passado para colocar em fogo alto a luta de hoje em dia. A exemplo do que realizamos no ano passado, quando discutimos os 100 anos da Revolução russa de 1917, o que interessa é fixarmos as experiências estéticas do passado que condensam  as lutas sociais. No caso do Maio de 68 existe uma qualidade artística contestadora que até hoje converte-se em referência nos planos da poesia, da canção, do cinema político, do teatro político e das manifestações artísticas que se misturam com a vida, que desarrumam o arrumado. 
 Na França, no Brasil nos EUA e em muitos outros países, movimentos culturais de juventude recusaram não apenas a moral e os valores dominantes, mas todo edifício econômico e político da civilização capitalista. No meio de toda aquela maluquice, em que se faziam ouvir muitas ideologias, resplandecia  o desejo revolucionário. Deu certo? Funcionou? Pois é, se muito daquilo que em termos estéticos foi rebeldia em 68 tornou-se, décadas mais tarde, produtos culturais assimilados e neutralizados pela ordem capitalista, o fato é que a arte revolucionária de 50 atrás deve ser estudada e aproveitada no que ela conserva de libertário, de contestador.
 Ao longo de 1968, nota-se uma presença artística muito especial nos conflitos de rua, nos meios de comunicação,  nos porões contraculturais, nas trincheiras das guerrilhas simbólicas. Saber reler tudo isso significa por em discussão o que foi e o que pode ser arte revolucionária; quer dizer, não se pode cair numa atitude de cópia que no fundo só serve como paródia histórica. O pulo do gato está em reler as imagens do passado dentro das novas necessidades históricas, dentro das novas determinações da realidade. Eis o desafio! 


domingo, 6 de maio de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 107

Apresentamos Poesia, Trincheira e bananeira , uma criação coletiva.

" AVISO:
Pessoas de esquerda precisam estar atentas ao atravessar este portão. Por estas bandas existem leis intolerantes, gente besta e assassinos da memória. Cuidado! 
O jovem operário coçou a barba pensativo... Ele decide atravessar o portão e procurou armar-se com os versos mais suculentos e politizados que tinha para espantar a fome e o medo. Não, ele não teria medo: era valente, já estava vacinado contra gente medíocre, devoradora de inteligências e amantes de tiranos. Ele tinha sua consciência acesa,  o corpo preparado contra mosquitos e reacionários. Sim, ele estava pronto para andar com passos decididos,  falar sobre o impossível e declamar as palavras aladas que podem anunciar rojões, gozos de amantes, cerveja, greve eterna, pipoca, onças fora da jaula e delicadas tempestades de flores e labaredas.
 O operário andou, andou e andou... Era uma mata com cara de deserto. Era uma floresta com cheiro de cimento. Era uma fazenda eletrônica! Era uma fábrica rural! Era um shopping com máscara de bosque. Não importava! Em qualquer cenário o operário carrega no bolso e no peito os versos que abrem picada na trilha da luta de classes. Ele se depara com uma bananeira...De lá de dentro ele escuta um barulho: tinha alguém carregando uma arma. Sim, alguém estava engatilhando uma arma e o poeta trabalhador seria o alvo! Ele não se intimidou: decidiu fazer ali mesmo uma trincheira de versos. 
 Será que o poeta trabalhador levou chumbo? Dizem que ele está lá até hoje, com um sorriso de luta nos lábios. Ele espera que outros poetas atravessem o portão. "    

domingo, 29 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 106

É preciso saber contar histórias. Não qualquer historinha, como aquelas de enredo furado feito um triste pneu que deixa toda futilidade se esvair por estradas que não levam o povo a lugar nenhum. É preciso saber contar as histórias necessárias:causos e revoluções, lutas cotidianas e revoltas épicas, pequenas tramas de resistência e acontecimentos de grande vulto, amores sem mentiras e comédias que mostram a verdade. Mas o importante mesmo é que tudo isso seja narrado de modo saboroso e violento.
 Saboroso porque cada fato, cada detalhe do fato, cada pedacinho do drama, precisa prender a atenção daquele que ouve ou lê. Uma boa história é aquela que meche com a imaginação e faz a cabeça trabalhar a mil por hora. Já o lado violento da narrativa serve para despertar, fazer com que as pessoas não mergulhem e se afoguem num mundo paralelo. A mentira da ficção deve ser profundamente verdadeira, ou seja, deve falar com realismo e liberdade total sobre as coisas como elas realmente são. Esta sinceridade produz choques e quem narra precisa saber chocar para fazer pensar.
 Que sejam escritas as histórias necessárias para o nosso povo ter consciência de quem ele é e de quem ele pode ser. Abaixo os heróis da classe dominante, porque suas lições são disfarces para amolecer o cérebro e promover o imperialismo, a guerra,a miséria e o conformismo social. Abaixo aqueles pequenos casais de personagens, que hora dramaticamente, hora comicamente, celebram um amor mesquinho e de aparência. As verdadeiras histórias de amor, as verdadeiras histórias de aventura , as verdadeiras histórias de luta, ainda estão para ser escritas. Estas histórias deverão ser expressão do povo e portanto  colocadas a serviço dos trabalhadores(estes são os verdadeiros herdeiros da cultura).

domingo, 22 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 105

Hoje estamos profundamente tristes: a notícia da morte de Nelson Pereira dos Santos, um dos maiores cineastas do Brasil e do mundo, nos pegou de surpresa. Mas ao mesmo tempo em que estamos de LUTO,  sentimos também cair sobre nós uma enorme responsabilidade histórica: é hora de LUTAR pelo cinema revolucionário brasileiro. A contribuição de Nelson neste terreno é incalculável na medida que o próprio autor foi um dos pioneiros de um cinema que mostrou, com autenticidade e realismo, o Brasil.
 Este fato nos compele a uma tarefa cultural em que é preciso: 1- Divulgar para a nova geração o extraordinário legado cinematográfico de Nelson Pereira dos Santos. 2- Pensar a herança estética do cinema de Nelson e logo sua importância para um programa cinematográfico que tem como objetivo retratar criticamente a realidade brasileira.
  A marca de Nelson Pereira dos Santos no cinema brasileiro não irá desaparecer porque ele fez parte de uma geração que, já na década de 1950, colocou a sétima arte na rota da política. Foi ele quem ajudou a acertar o ponteiro do cinema com o melhor da literatura de esquerda do Brasil: Nelson levou para as telas obras dos escritores  Graciliano Ramos e Jorge Amado. Tratava-se de um tipo de intelectual que deve ser modelo para os mais jovens: Nelson foi um cineasta comprometido com o nosso povo. Seus filmes, tais como Rio, 40 graus(1955), são obrigatórios para se entender o nosso país. Muito obrigado Nelson Pereira dos Santos. 

domingo, 15 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 104

EXPERIMENTO LITERÁRIO (criação coletiva)

Ovos de serpente estão sendo chocados em segredo. O terror fazia a testa do rapaz suar. É um cara legal, trinta e poucos anos, profundamente angustiado. Ao seu lado quatro amigos que vão evaporando pelo ar da noite. O caminhar noturno é tão incerto quanto a economia: sapatos gastos, movimentos oscilantes, calcanhares esfomeados contra calçadas feitas de todos os dejetos da terra.
 Na avenida só existem imagens mentirosas. Algumas palavras proféticas aparecem aqui e ali com um diagnóstico tão preciso quanto o de um cientista social:

" Lutem agora, não esperem a abertura do matadouro ! "

 " Cuidado com os pés de barro da democracia burguesa: para manter seus interesses, a classe dominante poderá recorrer aos cães sedentos por sangue! "

" Camaradas! Dinamitem agora com ações artísticas as torres de marfim: a cultura deve estar nas mãos dos trabalhadores ! " 

" Atenção trabalhadores da cultura ! Seu trabalho poderá deixar de existir quando a sociedade tecnológica terminar de dominar a terra " 

" O imperialismo vai beber todo o seu sangue "

" A intolerância veste sua roupa mais vistosa em épocas de crise. Cuidado camaradas! Devemos esclarecer as massas ! "

O rapaz terminou sua lata de cerveja. Fechou o casaco(um vento gelado golpeava seu peito). Aquelas frases pichadas no vento diziam algo importante. O que está acontecendo? No canto escuro da esquina, ele ouve, em pânico, o chocalho de uma cobra.




domingo, 8 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 103

Convite aos militantes de esquerda:

Venham, venham, venham assistir a um clássico do Cinema Político mundial:

SYMPATHY FOR THE DEVIL(1968), de Jean Luc Godard. 

Não se trata de mero entretenimento: é uma oportunidade para que, dentro da perspectiva cineclubista, sejam debatidas questões estéticas indispensáveis para o trabalho dos militantes da cultura de hoje. No atual momento em que a sociedade brasileira vive, marcado por polarizações ideológicas, é necessário saber interpretar e produzir imagens/narrativas que atuam na luta de classes. Nosso objetivo é utilizar o ciclo de filmes CINE 68, para propor uma reflexão sobre o legado estético e político do cinema de autor do final dos anos 60.  
 Neste longa de Godard, o cineasta francês registra a banda inglesa Rolling Stones gravando no Olympic Studios, em Londres, seu hit Simpathy For The Devil(que integraria o antológico álbum da banda Beggar´s Banquet, de 1968). O filme articula imagens das gravações dos Stones com uma narrativa revolucionária, que ao refletir de maneira poética sobre o explosivo contexto de 1968, apresenta sequências referentes a temas como a contracultura, a mídia, a emancipação feminina, a luta dos Panteras Negras etc.  

Dia: 14/04/18

Local: Museu da Imagem do Som de Campinas. 

Horário: 17 h 

domingo, 1 de abril de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 102

Burguês: - O que é isso?

Artista:- Um poema

Burguês:- Quanto custa?

Artista: - É impossível dizer... As leis do mercado não tem nada a ver com as leis da arte.

Burguês:- Ora, tudo tem preço, tudo vale grana.

Artista:- Quantificar sensações, tabelar experiências interiores e carimbar pensamentos são mentiras inventadas pelo capitalismo.



A necessidade de expressão é muito perigosa numa sociedade dividida em classes. Exteriorizar livremente pensamentos e sentimentos coloca em evidência um outro tipo de trabalho. Um artista/escritor pode ser assalariado, pode ser " um operário das letras "( ainda que na maioria dos casos o intelectual não seja proletário). Todavia, se o artista aplica-se numa atividade tida como improdutiva, estamos falando de alguém que abre uma brecha na realidade para olhar livremente o mundo. Nesta operação estética surgem imagens que se chocam violentamente contra a ideologia dominante.



A ARTE É UMA ATIVIDADE CONTRÁRIA AO TRABALHO ALIENADO!


domingo, 25 de março de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 101

UM DEBATE MARXISTA SOBRE ARTE E POLÍTICA:

Militante 1: - Para o marxismo questões estéticas não são luxo. A arte deve ser uma arma ideológica nas mãos dos trabalhadores. Abaixo o diletantismo e que venham os inimigos da arte política !

Militante 2: - Calma camarada! Você está desconsiderando as leis da arte. A arte contribui com a Revolução socialista enquanto arte e não enquanto peça de propaganda

Militante 1: - Qual é a sua camarada? Será que seu pretenso marxismo não é lero lero para ocultar a doutrina da " arte pela arte "?

Militante 2: - Você não me conhece camarada! Acredito que a arte revolucionária deve dar conta das exigências libertárias da própria arte: independentemente de existirem stalinistas disfarçados como você, a arte do nosso tempo liga-se à revolução pelas leis da história e não por decretos políticos!

Militante 3: Por uma questão de ordem! Eu penso que os 2 camaradas estão incorrendo sobre questões importantes. Entretanto, vocês estão caindo numa linguagem abstrata... A maioria dos trabalhadores não sabe do que vocês estão falando . Precisamos trabalhar com situações concretas. Vejam só: a miséria aumentou... O desemprego no Brasil ainda é muito grande. A mídia capitalista joga com mocinhos e bandidos, e sabemos que somente a análise dialética derruba toda esta baboseira. Pois bem: enquanto a direita cresce no país, os trabalhadores estão sem referências históricas de luta. Como falar em arte revolucionária sem que esta arte exista entre os trabalhadores?

Militante 1: - E o rap? Vai dizer que é cultura burguesa?

Militante 3:- Não, não é isso... Só estou dizendo que a arte revolucionária só poderá se desenvolver a partir da realidade proletária e não com artistas pequeno burgueses como você dizendo o que é arte revolucionária

Militante 1: - Pequeno burguês é a vovozinha! 

Militante 4: - Calma camarada! Ele levantou uma questão fundamental: sim, cabe aos artistas trabalhadores elaborarem arte revolucionária. Mas, temos um problema: existe literatura periférica, grafite, rap , samba e muitas outras manifestações que expressam inconformismo político. Tá legal, mas embora toda esta produção seja fundamental, ela não é necessariamente  revolucionária!

Militante 3: - Pois é, a questão é que a crítica marxista precisa adentrar por este contexto social e impulsionar a politização destas formas artísticas. Sim, nós somos trabalhadores. Mas a maioria da população atola na alienação... Artistas trabalhadores precisam se familiarizar com as lições fundamentais de Marx e Engels. 

Militante 2:- Sem contar que os trabalhadores precisam assimilar as heranças estéticas do passado, precisam, além de formação política, de formação cultural. A esquerda precisa agir neste sentido!


Militante 3: - Temos um longo trabalho cultural pela frente. Mas não sejamos idealistas: o ritmo da luta de classes deverá provocar a emergência de novas formas de arte revolucionária. 


domingo, 18 de março de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 100

Em breve:

ESBOÇO PARA UM POSSÍVEL " CINEMA OPERÁRIO ". 

Um rascunho audiovisual que tem como objetivo debater:

1- A produção audiovisual de cineastas trabalhadores

2- A formação histórica, política, literária, filosófica e cinematográfica dos cineastas trabalhadores

3- A necessidade ou não do cinema se relacionar com estruturas literárias(o cinema deve necessariamente contar uma história? Como a literatura revolucionária se relaciona com a dinâmica específica do filme revolucionário?)

4- Como produzir e circular filmes revolucionários? A NECESSIDADE DE SOVIETS DE CINEASTAS

5- Como estruturar e estudar as formas de circulação e recepção de filmes revolucionários junto a uma platéia formada por trabalhadores ?

 

domingo, 11 de março de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 99

Representar, ver, fazer enxergar.

TRABALHO MANUAL
TRABALHO INTELECTUAL

(marca da história das civilizações)

Basta ser um artista trabalhador para se produzir arte revolucionária?

RESPOSTAS:

- Não, é necessário possuir uma ideologia revolucionária que integra-se esteticamente à obra/manifestação artística

- Não, mas é preciso ter cuidado para a obra de arte não se tornar mero produto ideologizante. Afinal...

ALGUÉM INTERROMPE BRUSCAMENTE A RESPOSTA ANTERIOR:

- Por que?! A obra de arte não pode ser um panfleto? Sua afirmação oculta um juízo burguês na definição de arte

- Vai se ferrar! Você é que não sabe a diferença entre arte e propaganda!

DEBATES, DEBATES, DEBATES, DEBATES... DE FATO, É NECESSÁRIO REALIZAR O DEBATE ESTÉTICO!

Resposta unânime entre os debatedores:

A ARTE DEVE SER A NEGAÇÃO DO TRABALHO ALIENADO. A CLASSE MÉDIA ESGOTOU SUAS POSSIBILIDADES DE INOVAÇÃO CULTURAL. O DESTINO DA CULTURA É O DESTINO POLÍTICO DA CLASSE TRABALHADORA EM LUTA. 


domingo, 4 de março de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 98

Sabemos que o cérebro é uma tela aonde o desdobramento dos acontecimentos externos é projetado. Mas não se trata de um reflexo passivo do mundo. Trata-se de uma coordenação entre os fatos do mundo concreto.

A ARTE É UMA CONSTRUÇÃO QUE NÃO APRESENTA UM ESPELHO DA REALIDADE, MAS UMA EXPERIÊNCIA COM A REALIDADE. 

O tipo de experiência que a ARTE traz é a do CONFLITO. Quer dizer, EXPRESSÃO consciente ou inconsciente do movimento da HISTÓRIA.

Projeção estética da luta de classes

Deflexo da realidade através de imagens contraditórias 

Imagens do pensamento que revelam a dinâmica real de todas as coisas 

Lição básica que decorre das lições dialéticas de Marx e Engels.  

 Legados artísticos ? Ver/estudar a obra de artistas como  Serguei Eisenstein , Bertolt Brecht e Glauber Rocha.

NA ATUALIDADE, ESTA CONCEPÇÃO ADQUIRE UMA PROJEÇÃO INÉDITA, PROFUNDA ATRAVÉS DO USO POLÍTICO PROGRESSISTA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO DA ERA DIGITAL. 

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 97

Tratando-se dos problemas cinematográficos o diagnóstico permanece o mesmo:

NÃO EXISTE SAÍDA PARA O CINEMA BRASILEIRO FORA DO CINEMA POLÍTICO

Este não é um parecer dogmático ou como diriam alguns uma conclusão sectária. O fato é que o grosso da produção cinematográfica brasileira e mundial, distanciou-se consideravelmente das questões postas pelo processo histórico. Num mundo regado pela linguagem do vídeo game e pelo esquematismo estético de boa parte da indústria cultural, o cinema não pode se contentar em ser uma diversão a mais: o cinema, especialmente na era digital(quando a produção e circulação do audiovisual adquirem uma proporção incrível) , permanece como poderoso instrumento para interpretar e agir sobre os destinos políticos da humanidade.
 O cinema brasileiro poderá superar a inércia dos pequenos dramas individuais(encontramos  muitos enredos que não mostram/acrescentam nada sobre os dramas concretos do espectador de origem proletária) e a redundância formal da linguagem comercial, se retomar o esforço revolucionário para solucionar os problemas da forma e do conteúdo:

1- Pesquisar as possibilidades do choque estético a partir da montagem.

2- Articular os efeitos estéticos da montagem com argumentos que tratem da História do Brasil(filmes capazes de narrar a luta de classes na construção da realidade brasileira desde o período colonial até os nossos dias). 

Não se trata de reduzir todas as necessidades de expressão cinematográfica no campo dos problemas da coletividade. Dramas individuais e comédias sem grandes preocupações sociais, não são nunca censuráveis(não queremos que todos os filmes brasileiros possuam necessariamente intenções políticas). Entretanto, pesquisar os dramas históricos a partir da linguagem cinematográfica significa dar aos espectadores imagens em que ele se reconheçam como parte de uma construção social, de um processo histórico: carecemos hoje de filmes que captem os dramas coletivos do nosso povo. Filmes que possam colocar personagens populares como sujeitos históricos.

A alfabetização política no Brasil passa necessariamente pelo cinema. Eis um desafio a ser considerado por todos os militantes de esquerda. 

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 96

A alegoria permanece como importante estratégia na luta dos artistas de esquerda. Este procedimento que remete aos gregos antigos, é útil porque a montagem entre imagens possui uma força comunicativa em que barreiras históricas se desmancham. Um exemplo genial disso foi dado pela escola de samba Paraíso do Tuiuti: no desfile ocorrido no dia 12 de fevereiro, imagens que representam escravos dos períodos colonial e imperial da história do Brasil,  e imagens que representam trabalhadores brasileiros de hoje, são colocadas juntas no " tempo do agora "(Benjamin).  A poderosa crítica que emana desta proposta coloca em questão os oprimidos de nossa história. O recado foi dado no desfile e atingiu em cheio o coração das massas.


A ARTE POLÍTICA E A ALEGORIA CAMINHAM JUNTAS EM MUITAS OCASIÕES. 


A MONTAGEM entre diferentes imagens figura ideias em que a história torna-se um material móvel, cheio de possibilidades estéticas e políticas. A ALEGORIA articula as partes visando combinações e recombinações de significados. Quer dizer, elementos históricos são retirados de seus contextos e montados à luz de uma intenção do artista alegorista. Para um artista combativo isto é um prato cheio!



CINEMA, TEATRO, LITERATURA, PINTURA E MÚSICA POPULAR SÃO TERRITÓRIOS ESTÉTICOS EM QUE A ALEGORIA DEVE GANHAR VOLUME POLÍTICO. 

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 95

Neste carnaval

 a farra é luta, a luta é alegre e a luta é dança

As alegorias trazem as notícias de todo o povo.

Os tamborins desafiam a lei da gravidade

Todos estão vivos somente quando o dinheiro não assume o lugar de ninguém

 Quem está  sambando pra valer, não pode admitir que o dinheiro nos deixe trancado em algum lugar da realidade.

PORQUE O DINHEIRO NÃO PODE DANÇAR, AMAR, COMER E BEBER NO NOSSO LUGAR

Talvez o verdadeiro carnaval ainda esteja para acontecer. Mas enquanto o verdadeiro carnaval não chega, vamos prepara-lo neste feriado

 Sim, sabemos que o carnaval  é uma festa em que o burguês fica com o pé atrás.

Quem é de direita não sabe sambar! Quem é de direita está praguejando ou encontra-se embaixo da mesa somando seus bens

O Carnaval dispensa todas as aparências

PORQUE A MÁSCARA DE CARNAVAL DERRUBA TODAS AS OUTRAS MÁSCARAS


COM A POESIA SOLTA NAS RUAS, OS TRABALHADORES PODEM ENSAIAR COM TODAS AS CORES, A VERDADEIRA VIDA QUE ESTÁ POR VIR. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 94

Apresentamos o ciclo de filmes CINE 68


Os leitores do nosso blog sabem que o cineclubismo é uma dimensão fundamental da nossa militância. Há anos realizamos em parceria com o Museu da Imagem e do Som da cidade de Campinas, ciclos de filmes que evidenciam o caráter político do cinema. Acreditamos assim que o debate acerca do chamado cinema político, não se separa da construção de uma sala pública que exibe filmes. Cabe lembrar que o cineclubismo pressupõe não apenas assistir mas sim analisar e debater cinematografias necessárias para a nossa formação crítica. Deste modo trabalhadores e estudantes, geralmente entregues ao vírus da cinefilia, podem livremente e sem qualquer tipo de hierarquia intelectual, compartilhar suas opiniões sobre o cinema.
 Neste ano, de olho nos 50 anos das reviravoltas políticas/culturais de 1968, iremos exibir filmes realizados no calor daquele curto período em que a imaginação tomou o poder. São filmes cujas propostas estéticas emergem do clima de rebelião frente à civilização capitalista. Através da obra de cineastas como Jean Luc Godard, iremos refletir sobre um explosivo contexto em que marxismo, contracultura e cultura pop são evocados nas inúmeras manifestações estudantis e operárias ocorridas em países como França, Inglaterra, EUA e Brasil. O cinema esteve na linha de frente deste cenário marcado pela subversão. 
O ciclo de filmes CINE 68 inicia-se em março. Aguardem mais informações!     
     
                  

domingo, 28 de janeiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 93

Apresentamos O FIGURINO DO OPRIMIDO, uma criação coletiva.


" O carnaval está chegando! Com que fantasia eu vou? Precisa ser algo que combine comigo. Deixa eu pensar... Sou um operário, trabalho feito camelo, querem me fazer acreditar que minha cabeça deve ser um deserto e que o oásis que tanto sonho(um lugar em que que serei livre e tranquilo) não passa de uma miragem! 
Não, não quero fantasia de playboy. Sou trabalhador!  Desfilando pela história de todos os enredos que realmente importam, posso me fantasiar de:

Escravo, servo , artesão e operário

Vou sambar para me vingar do sumo-sacerdote

Vou cantar contra todos os faraós

Vou desfilar contra senhores de escravos

Vou debochar da cara dos patrícios da velha Roma

Vou dar com os ombros para as ordens dos senhores feudais 

Um beijo de desprezo e adeus para reis e navegadores europeus

Uma banana para o burguês!

E para terminar o samba, estou aqui com a minha fantasia real de todos os dias: não canso de dizer que sou operário! Continuarei esta luta de séculos... Minha fantasia não é a fantasia da classe dominante. Não é a fantasia do imperialismo. Minha fantasia foi feita com as mãos dos trabalhadores de todas as épocas". 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 92

Escrever é uma construção permanente para desvendar o que a ordem capitalista oculta, reprime, ridiculariza, difama, marginaliza.

A PALAVRA POÉTICA É FERRAMENTA!

A palavra é MARTELO VIVO
             PROTESTO
             
AÇÃO VERBAL: expressão livre que se opõe à tagarelice que alimenta as formas de distribuição da alienação social.


A literatura de combate é uma necessidade política que é medida e definida pelas leis da arte. Quer dizer, o potencial ideológico da obra literária se faz sempre(insistimos!) dentro de uma totalidade estética. 

OS TRABALHADORES DA LITERATURA LUTAM PELA LEGITIMIDADE DE UM TRABALHO QUE NÃO INTERESSA AO CAPITAL. 




domingo, 14 de janeiro de 2018

Boletim Lanterna. Ano 08. Edição 91

Existem datas, existem anos  cujas imagens representam um pavio do passado que será acesso no futuro. Obviamente que a história não se repete: Marx ensinou que cada acontecimento ocorre em circunstâncias específicas. Mas se temos que fazer uso do material do passado para continuarmos a fazer história, então seria de grande importância seguir o conselho de Walter Benjamin: pensar as energias libertárias do passado para inspirar as lutas dos oprimidos de hoje. Sendo assim, é preciso ter a exata consciência de que este exercício com o passado consiste numa experiência que é ao mesmo tempo política e estética. A arte fornece as imagens revolucionárias nos encontros progressistas entre os diversos períodos da história.

2018- 1968 - 1848. A segunda e a terceira data, possibilitam um fluxo de imagens revolucionárias que abastecem as energias da primeira data(ou seja, os dias que correm).

1848: Primavera dos povos... As lutas do proletariado. Publicação do Manifesto Comunista, de Marx e Engels. " Tudo que é sólido se desmancha no ar ". A luta de classes enquanto MOTOR da história. Imagens que incendeiam a consciência dos trabalhadores.

1968: A imaginação no poder... Revoltas contra a sociedade burguesa. " É proibido proibir ". Revolução e contracultura desafiando os fundamentos da civilização capitalista. 

2018: um ano em construção. Mediante as ameaças conservadoras, é preciso que a vida cultural da esquerda seja nutrida com as imagens revolucionárias: neste sentido 1848 e 1968, por exemplo, são épocas que fornecem combustível poético para a classe trabalhadora dos nossos dias.