quinta-feira, 31 de julho de 2014

Estreia documentário sobre Hélio Oiticica:

Artista libertário por excelência, Hélio Oiticica não sai da pauta dos debates estéticos e culturais em geral. Não dá pra pensar as conquistas mais revolucionárias da arte contemporânea mundial, sem a presença de Hélio. Seus penetráveis, suas instalações e suas inúmeras outras obras(e também textos teóricos) destruíram de vez os limites entre expressão artística e vivência anárquica. Para se entender mais do pensamento estético de Hélio é importante assistir ao documentário Hélio Oiticica, dirigido por César Oiticica Filho(sobrinho do artista). 
 Tendo enquanto narrador o próprio Hélio, graças aos chamados "héliotapes "(fitas cassetes gravas pelo artista) e ao áudio de entrevistas realizadas com ele, o documentário é uma porta de entrada para o pensamento vanguardista mais radical do século passado. O que mais uma vez é problematizado é a necessidade de uma expressão artística livre, coletiva e que transborde o espaço institucional aonde se faz arte. Hélio Oiticica, protagonista das grandes polêmicas em torno do neoconcretismo, da antiarte e do tropicalismo, não é um cara que ficou no passado: suas ideias ainda são combustível contracultural. 

                                                                                        Os Independentes 


quarta-feira, 30 de julho de 2014

A saída para o teatro brasileiro:

A diminuição do público em algumas casas de espetáculos, revelam que as temporadas teatrais estão(sobretudo em São Paulo) enxugando e muito. Não creio que exista " a causa " do teatro ou " a bandeira " do teatro, já que a ação teatral é parte de um setor cultural mais amplo, que como afirmamos constantemente aqui, não pode fugir de uma posição política que responda aos problemas maiores da sociedade(dos quais o teatro é parte). Se por um lado o incentivo do Estado não é suficiente, sendo que até mesmo numa sociedade escravista como a da Grécia antiga o teatro podia receber maior atenção(pois a arte cênica era fundamental naquela civilização), por outro não é esta cultura estabelecida nos dias de hoje que poderá salvar o teatro brasileiro: a pequena burguesia, que compõe este público miado, gosta mesmo é de lojas, produtos eletrônicos e badaladas redes de fast food. Inserir o teatro como um elemento a mais no playground desta gente, significa reprimir a criatividade revolucionária que o teatro pode ter.
 O fato é que o teatro precisa ser parte integrante da vida cultural entre setores sociais progressistas. Uma luz no fim do palco envolve a garotada, sejam eles estudantes ou trabalhadores, que quando vão ao teatro é para experimentar o que a sociedade de consumo não pode dar; ou seja reflexão e participação carnal num ato coletivo. São estes mesmos jovens que desejando ou não fazer teatro, estão próximos das organizações políticas de esquerda, que devem mobilizar não apenas para a sua própria máquina partidária mas para uma produção cultural na qual o teatro é valorizado e aceito enquanto setor revolucionário da vida social.
 A saída para o teatro brasileiro é a mesma para toda a cultura: engajar-se entre aqueles que possam realmente transformar o espaço público e que possam estimular os tatus para saírem da toca.

         
                                                                                           Geraldo Vermelhão

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ciclo de filmes " O que é Cinema Político? "(parte um)

Afim de contribuir com o fortalecimento de uma sala pública de cinema na cidade de Campinas, e em especial com a construção de um espaço voltado para a reflexão estética e social, nosso blog promove mais um ciclo de filmes no Museu da Imagem e do Som. Desta vez os filmes em questão repousam sobre uma expressão fartamente utilizada no século passado, mas que hoje corre o risco de perder-se: o Cinema Político.De que se trata? Sendo comprovado historicamente que o cinema é um dos meios mais avançados para a reflexão política, chegamos a um momento em que diante da predominância da cultura audiovisual sobre o cotidiano, não podemos deixar que se percam as implicações revolucionárias da linguagem cinematográfica. Posto desta forma selecionamos alguns filmes que enriquecem as relações progressistas entre cinema e o pensamento político. O critério de seleção não envolve nenhum diretor ou escola em especial, assim como nenhum outro fator seja ele de ordem cronológica ou de nacionalidade. Apenas elencamos obras que a nosso ver são referências cinematográficas pouco discutidas nos dias atuais.
 Este ciclo é dividido semestralmente, possuindo duas edições, sendo que a primeira inicia-se neste próximo sábado(2/08). Convidamos trabalhadores, estudantes, professores e militantes do cinema para participarem deste pequeno mas não menos importante acontecimento cultural. Seguem abaixo os filmes da primeira edição do ciclo:

- A Greve(1924), de Serguei Eisenstein. Dia 2/08, ás 19:30

- A Marselhesa (1938), de Jean Renoir. Dia 6/09, ás 19:30

- Kuhle Wampe(1932), de Ernst Ottwalt e Bertolt Brecht. Dia 31/10, ás 19h

- A Chinesa(1967), de Jean Luc Godard. Dia 1/11, ás 19:30



                                                                       Conselho Editorial Lanterna

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A importância da Bienal da Bahia:

Se não é tudo, pelo menos boa parte da arte brasileira passa pelo nordeste(inclusive do ponto de vista político). É o que nos mostra a terceira edição da Bienal da Bahia, um evento importantíssimo que traz a magnitude estética-popular e também a superação de lacunas históricas. Em cartaz até o dia 7 de setembro, a Bienal da Bahia que leva o título  É Tudo Nordeste?, possibilita um importante transito com as especificidades culturais locais, elegendo o nordeste enquanto dimensão geográfica por onde descortina-se uma impressionante riqueza artística. Além disso, é interessante o esforço para se refletir sobre a História das duas primeiras bienais da Bahia, ocorridas em 1966 e em 1968(esta exposição histórica encontra-se na casa dos beneditinos) .
 Abordar em especial a edição de 1968 da bienal baiana, é uma atitude que nos coloca mais uma vez frente aos prejuízos culturais e políticos que a ditadura militar trouxe para o Brasil. Fechada apenas dois dias após a sua abertura, a Bienal de 68 foi vítima da repressão política que confiscou obras de arte devido as suas claras implicações contestadoras(o evento seria reaberto um mês depois, sem as " obras subversivas "; cabe também mencionar nesta mesma ocasião a solidariedade de alguns artistas da época com os artistas censurados, levando aqueles a retirarem suas obras da exposição). Pois bem, de que modo esta questão vale á pena ser colocada em 2014? Num momento em que os crimes da ditadura brotam diretamente do passado, é obrigação dos artistas e pesquisadores conscientizarem o público sobre as brutalidades da censura. Mais do que denúncia, é este tipo de postura que possibilita uma avaliação sobre os rumos da arte contemporânea brasileira dos últimos 46 anos:  da intensa politização e espírito provocador/iconoclasta de 68 aos dias atuais, podemos perceber que perdeu-se muito com a crescente despolitização, a qual acarretou  no relativismo de obras ocas e carentes de implicações utópicas. 
 Antes que alguém se levante e afirme que estou mitificando 1968, aqui vai o recado: não é idealização, mas ponto de referência para seguir com uma nova arte que possa encher o saco da burguesia.É da Bahia que podem soprar alguns ventos para a arte contemporânea brasileira reatar seus vínculos históricos rompidos pela ditadura e seguir adiante com o seu papel político contestador.

                                                                                       Marta Dinamite 

sábado, 26 de julho de 2014

A música de Violeta Parra é o alicerce da canção de protesto:

Sabemos que cantar é vital: é o ato de cantar que pode no Brasil de hoje ajudar a furar o bloqueio ideológico da mídia burguesa e esclarecer graves questões que assolam o país(repressão política, por exemplo...).Violeta Parra, espinha do movimento musical Nova Canção Chilena, é uma referência para todos os militantes latino americanos. Ela responde a duas perguntas: cantar para quem? Que canto buscar? Se o músico militante não pode ficar cantando para si ou para meia dúzia de companheiros(e nem preciso dizer que hoje o isolamento político é um dos grandes males de muitos ativistas no Brasil), ele deverá se comunicar com os trabalhadores: estamos na democracia burguesa e não na ditadura burguesa, sendo que cantar é um ato político viável(pelo menos até o presente momento). Neste sentido o músico militante pode inclinar-se para as raízes da canção popular, do folclore. Este obviamente não é o único caminho para a música de protesto, mas tendo Violeta Parra como referência, é uma direção importante para tomar a canção popular enquanto manifestação que deve integrar movimentos sociais. 
  Cantora e compositora(além de ceramista e artista plástica), Violeta Parra estabeleceu no pós-guerra as bases rítmicas e o universo de classe para a moderna canção de protesto latino americana. Rompendo com a visão deslumbrada dos versinhos burgueses sobre o latifúndio no Chile, ela coloca em foco a voz dos camponeses oprimidos. Fruto de pesquisas sobre  a música local e sobre o folclore chileno, esta nova sensibilidade musical não se separou mais do inconformismo político que alimentaria a música das futuras gerações. Penso que no Brasil de hoje, Parra é a cantora que pode ser um modelo para movimentos sociais: estes precisam buscar estratégias de comunicação popular e ao mesmo tempo comprovar que lutar/cantar não é crime.

                                                                                         Tupinik 
  

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Recordando o exemplo da FIARI:

Há exatos setenta e seis anos, ocorria na Cidade do México um dos episódios mais importantes da cultura revolucionária do século XX: em companhia do pintor muralista Diego Rivera, o escritor surrealista André Breton e o revolucionário russo Leon Trotski, redigiram o Manifesto Por uma Arte Revolucionária Independente. O texto seria o ponta pé inicial para a FIARI(Federação Internacional de Arte Revolucionária Independente), cujo objetivo era reunir artistas revolucionários do mundo inteiro, contrários ao nazifascismo, ao stalinismo e á democracia burguesa. Vociferando contra a lama do realismo socialista e a barbárie estética do fascismo, esta organização embora não tenha historicamente vingado(com a eclosão da Segunda guerra mundial dispersando artistas e intelectuais, somada á desentendimentos internos, a FIARI morreu antes de nascer), permanece como referência para que os artistas militantes de hoje não recaiam nas tolices do zhdanovismo.
 O manifesto da FIARI precisa continuar a ser discutido dentro da esquerda brasileira. Apesar de suas passagens datadas, ele ainda elucida importantes questões.Para Breton e Trotski " Toda licença em arte " não tem a ver com o liberalismo que toma conta da vida artística atual: para ambos uma arte livre é a única que pode colaborar com a Revolução social. O imperativo " A independência da arte para a Revolução ", também é de grande significado quando hoje nos deparamos com o caráter reacionário da grande mídia reprimindo a dimensão libertária da arte; além disso este apelo também denuncia a atual  incompreensão de muitos militantes de esquerda para com as questões específicas da arte. Viva a FIARI!

                                                                                     Os Independentes 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Arte enquanto trabalho:

Conservadores de plantão tentam desqualificar o pensamento marxista, sendo comum encontramos aqueles que o concebem enquanto filosofia que contempla uma relação supostamente mecânica entre economia e cultura. No caso da arte, a queixa maior é a de que trata-se de um campo " sem autonomia ", já que a produção artística estaria subordinada ás relações concretas de produção. Esta análise precipitada e que não consegue disfarçar seus vínculos com a ordem capitalista, aumenta a tagarelice reacionária num momento em que o Estado brasileiro persegue e pune militantes(não apenas comunistas mas também anarquistas). Para não nos intimidarmos em nossas convicções políticas creio que é preciso sustentar, inclusive dentro da reflexão estética, uma grande batalha intelectual, cujo objetivo é manter vivo e influente um projeto que visa a transformação da realidade estabelecida. Este mesmo projeto depende da arte: a experiência sensível não se separa do processo de construção da consciência política da classe trabalhadora.
 Para a arte ser compreendida em sua natureza subversiva, de crítica ao capitalismo e enquanto atividade que resgata a humanidade perdida pelo trabalho alienado, precisamos entende-la como trabalho sensível que atua diretamente sobre  a matéria. Isto nada tem a ver com uma relação mecânica, em que uma obra de arte ou um movimento artístico só podem ser encarados enquanto produtos passivos das determinações econômicas e políticas de um  período histórico em particular. Evidentemente que a arte em qualquer época, não pode ser pensada fora dos níveis de desenvolvimento das forças produtivas e do seu condicionamento ideológico dentro da divisão social do trabalho(o que por sua vez também acarreta ao longo da História em diferentes maneiras de se definir o que é arte) . Sem desconsiderar estas premissas, situemos as capacidades de intervenção da arte na sociedade atual.
 Mediante a sofisticação de uma cultura da alienação, graças ás novas ferramentas digitais, seria o artista aquele " bicho da seda " diante da indústria, tal como referiu-se Mário Pedrosa? Na desproporcional correlação de forças entre artistas militantes e a grande mídia, aqueles que se ocupam da arte não podem cair em situações fragmentárias, sem conexão com os problemas gerados pelo modo de produção capitalista. Em seu nível de autonomia, em sua especificidade enquanto esfera do trabalho, a arte não pode se desintegrar em experiências relativistas, que somam-se á poluição visual e sonora da cultura de massa. Diferentemente daqueles que ficam em discussões bizantinas sobre arte e antiarte(ou até mesmo sobre o fim da arte, rs), o artista revolucionário entende a arte enquanto trabalho: sendo assim ele se despe de conceitos como genialidade, vaidade e sucesso, e entrega-se á pesquisas expressivas que dialogam com projetos políticos contrários aos interesses do capital. Preservando sua independência enquanto processo criativo que não admite interferência externa, a criação artística necessária é entendida enquanto produção, matéria viva que participa da construção de uma realidade política em potencial(o socialismo), que a mídia burguesa combate sem descanso. 
 A energia utópica da arte pulsa no anonimato mas não se contenta com a margem: ela almeja participar de uma grande luta política pela emancipação do homem. A arte anuncia o que realmente deve ser o trabalho perante os novos meios de produção: uma atividade criadora, sensual, educativa e sem compromissos com os interesses capitalistas. Já passou da hora das organizações de esquerda levarem mais a sério o debate artístico e no que ele contribui para a construção de uma cultura socialista.

                                                                                      Afonso Machado

terça-feira, 22 de julho de 2014

A era digital requer Eisenstein:

A menção ao conceito de hegemonia dos trabalhadores, feita dias atrás por Lucinha, é da maior importância. Esta questão passa necessariamente pelas condições técnicas de nossa cultura, em especial pela questão do audiovisual. Sabemos que vários companheiros empenham-se em projetos para realizar e circular a produção de vídeos populares e também de projetos acerca de TV`s populares, controladas por trabalhadores: estes estabeleceriam sua programação mediante as necessidades culturais dos bairros populares. Esta tomada de consciência que deve alastrar-se pelos próximos tempos, contempla a necessidade de referências estéticas cinematográficas; e o legado de Eisenstein, por exemplo, está aí pra isso.
 O pensamento cinematográfico de Serguei Eisenstein possui um grande sentido de desobstrução das formas digitais de alienação. Se a indústria cultural esforça-se para perpetuar o cadáver de uma cultura autoritária, dividida de modo vertical entre produção de massa e consumidores alienados, a estética do cineasta soviético, relida pelas câmeras digitais, tem como objetivo a reflexão crítica: o percurso do pensamento dialético entre tese, antítese e síntese assinala para o entendimento de diversas situações cotidianas. Portanto, os mesmos companheiros engajados no audiovisual em comunidades populares, devem exibir e debater com os jovens realizadores, os principais filmes de Eisenstein. Frutos revolucionários deverão nascer deste tipo de convivência cinematográfica, contribuindo decisivamente para a construção da hegemonia dos trabalhadores.

                                                                                          Geraldo Vermelhão

Os componentes básicos das novas experiências literárias de esquerda:

Dentro de algumas experiências literárias rascunhadas por militantes, foram possíveis extrair algumas conclusões básicas. Tais experimentos dizem respeito particularmente á prosa e encontram-se ainda em fase de averiguação acerca de suas possíveis potencialidades textuais. 
 De uma prosa contemporânea alinhada á esquerda, é preciso considerar:

 1- A inserção da problemática social a partir da sensibilidade do trabalhador engajado, sendo este o autor que lança os germes da futura literatura brasileira

2- Texto sintético, com poucos adjetivos e centrado na captação dos movimentos sonoros e visuais dentro dos espaços sociais aonde se dá a exploração econômica

3- Personagens sem aprofundamento psicológico e ao mesmo tempo inspirados em pessoas que sofrem com os transtornos da vida social em relação á saúde, inflação e outros problemas

4- Situações de choque, estabelecendo a justaposição entre contextos espaciais e econômicos contrários entre si. Ex: comunidade carente e lojas luxuosas, transporte público precário e o individualismo do automóvel, salas de aula depredadas e a manipulação das emoções por forças midiáticas e religiosas conservadoras, etc

5- Proposta gráfica moderna, com ilustrações abundantes na capa e dentro da publicação(impressa ou digital); estabelecer a reunião de estéticas populares como o cordel com outros elementos tais como o mangá. 


                                                                                           Lúcia Gravas 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A consciência política do artista:

O suporte muda, a estéticas variam(e ás vezes pulverizam-se) e as expressões modificam-se, mas quem sacou que a arte não flutua na estratosfera pós-moderna, sabe que expressar-se artisticamente significa agir diante da luta de classes. Então a arte que defendemos é só isso? Diríamos que a partir disso é muito mais: as questões étnicas, sexuais, religiosas, de gênero também revelam em arte conflitos específicos, vitais, mas que não se separam dos problemas econômicos fundamentais do nosso tempo. A compreensão desta interdependência entre questões culturais e econômicas, que se manifesta nas expressões artísticas que hoje pululam inclusive pelo espaço público das mais diferentes cidades do mundo, depende e muito da consciência política do artista em questão.
 Por artista não consideramos aqui " um gênio especializado ": a atividade do artista e do intelectual dispensa certificados, loros, elogios e palminhas. Como disse Oswald de Andrade " Viva a rapaziada /O gênio é uma grande besteira ". Despido de mimos e vaidades, o artista libertário que olha para um mundo escravizado pelo capital, não vacila e coloca sua atividade a serviço dos oprimidos e contra a classe dominante. Este mesmo artista precisa questionar tanto as formas por ele utilizadas em seu trabalho, quanto a sua visão de mundo: pra tanto, ele precisa conhecer não apenas a História da arte mas  História política e econômica das civilizações. Aprofundando a sua formação política o artista aprimora suas capacidades criativas e suas pesquisas plásticas. É deste artista que precisamos.

                                                                                                Os Independentes 

domingo, 20 de julho de 2014

O artista orgânico e a hegemonia dos trabalhadores:

Se é unânime dentro da esquerda, que a arte colabora vivamente para a consciência de classe, creio que devemos focar a nossa militância para que os trabalhadores possuam uma imagem capaz de restituir sua própria identidade perdida, roubada pela exploração capitalista. Mas, eis que surge a problemática pergunta: diante da fragmentação social do espaço do trabalho, como a arte poderia ajudar no processo de aquisição da consciência dos trabalhadores para que estes entendam-se como classe? Tem-se falado pouco de Gramsci neste periódico, o que acarreta em alguns prejuízos na reflexão estética.
 O conceito de hegemonia proposto por Gramsci, nos possibilita entender a esfera da cultura enquanto campo de construção da identidade política de uma classe. Se a classe trabalhadora encontra-se hoje submetida á fragmentação dentro do capitalismo de serviços, que por sua vez prejudica na compreensão do conjunto da realidade social,  o artista/intelectual orgânico pode contribuir na reversão deste quadro alienante. Nos bairros populares, nas escolas e nos centros culturais, o artista organicamente ligado ás organizações políticas da classe trabalhadora, precisa realizar hoje um trabalho capaz de disputar o espaço ocupado pela grande mídia e por práticas religiosas conservadoras. A pequena peça teatral realizada na escola, a reunião de pessoas de um mesmo bairro em um clube para ouvir música e assistir vídeos produzidos pela comunidade e a divulgação de material literário das comunidades dentro da imprensa de partidos de esquerda, são hoje pequenas mas heroicas ações culturais que iniciam a construção da hegemonia.
 Do ponto de vista da reflexão estética, acho que alguns dos meus companheiros de redação poderiam deixar um pouquinho de lado as elocubrações vanguardistas, para pensarem a dimensão popular necessária para que a arte ajude na hegemonia dos trabalhadores. Pesquisar formas populares de comunicação e suas possíveis afinidades com o projeto socialista, é uma tarefa do artista/intelectual orgânico, tal como o citado filósofo marxista italiano nos mostra.

                                                                                          Lúcia Gravas

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Homenagem a Vianinha:

Oduvaldo Vianna Filho representa tudo aquilo que os homens de teatro deveriam ser: revolucionários, militantes, artistas populares, dispostos a fazer da apresentação teatral uma experiência que revela a brasilidade e a luta de classes. Teatrólogo, ator, dramaturgo, Vianinha mergulhou de cabeça na aventura cultural dos anos sessenta, sempre questionando o teatrão burguês e reivindicando o papel político a ser desempenhado pelos trabalhadores dentro e fora do palco. 
 A trajetória militante de Vianinha que passa pelo Teatro de Arena, pelo CPC(Centro Popular de Cultura), pelo Grupo Opinião e por outras expressões combativas que ajudaram a construir a vanguarda teatral do terceiro mundo, precisa ser estudada por aqueles que desejam contribuir para as transformações sociais através da arte teatral. Um brinde a Vianinha! Militante do teatro brasileiro, que a burguesia sempre quis apagar, seja com a ditadura militar, seja com os atuais meninos bobos do teatro que tem medo de falar em política. Nós sempre divulgaremos o legado de Vianinha e de todos os revolucionários do nosso teatro!


                                                                                          José Ferroso 

                                                            

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Recado para o teatro brasileiro de esquerda:

Fazer teatro requer coragem. Já fazer teatro político requer coragem em dobro. Aliás é na segunda categoria que existem aqueles que topam o desafio de atuar num meio que há décadas está em desvantagem em relação aos meios de comunicação de massa. É portanto entre os revolucionários do teatro que localiza-se  a crença de que o ato teatral é tão forte quanto um comício.
As mentiras dos partidos burgueses começam a ganhar corpo, anunciando o que vem por aí no segundo semestre. Não vejo momento mais oportuno para que o teatro torne explícita sua capacidade de reflexão crítica. Uma tribuna moderna, com modesto alcance mas que permite a realização do drama sobre os fatos concretos Um teatro que além de ser agitação e propaganda, seja o resultado dialético dos conflitos ideológicos na atual sociedade brasileira. Toda força ao teatro brasileiro de esquerda para o próximo semestre.

                                                                                                 Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O verdadeiro cinema nacional apresenta os problemas do país:

Na grande leva de filmes nacionais, poucos são aqueles em que de fato exprimem um olhar concreto sobre o país. A câmera é um instrumento que não apenas decifra mas disseca as contradições gritantes do Brasil. Definitivamente não consigo entender como alguém que se ocupe da função de cineasta possa fugir deste dever ético e estético.
 Banalizou-se muito o realismo. Como Lucinha já escreveu por aqui, existe hoje um cinismo pequeno burguês que faz do realismo um apelo para fetiches em filmes policialescos e de tramas individualistas que fazem do " suspense " um ofício conservador. No entanto, como fugir do realismo? Se no documentário os fatos que cercam o território brasileiro impõem-se como realidade crua, no caso da ficção é preciso fazer enxergar aquilo que a classe dominante oculta: gente faminta, sem saúde, numa modernização aonde produtos de multinacionais existem aonde não existe saneamento básico. Não podemos fugir do realismo, mas este requer um discurso político em que se faz uma opção de classe.
 O cinema brasileiro atual não pode ignorar o próprio país. Não basta o registro fílmico mas a imagem que capta o movimento histórico que exige o fim das desigualdades sociais.


                                                                                                   Lenito

terça-feira, 15 de julho de 2014

Considerações de Brecht sobre a literatura proletária:

(...) " A literatura proletária esforça-se por aprender formalmente a partir das obras do passado. Isso é natural, não se pode pura e simplesmente passar por cima de fases anteriores. O novo deve ultrapassar o velho, mas deve, ao mesmo tempo, tê-lo dentro de si, " supera-lo ". Tem de se reconhecer que há agora uma nova aprendizagem, uma aprendizagem crítica, uma aprendizagem transformadora e revolucionária "

                                                                                                      Bertolt Brecht 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O exercício experimental de liberdade, resiste:

Com a pauta política ganhado foco já que as eleições se aproximam, é inevitável debatermos como a criação artística poderia elucidar a coisa toda. Tenho pra mim que o artista pode engajar-se num partido, mas seu papel revolucionário se dá fora dele: é pela arte, enquanto campo de experiências libertárias, que podemos chamar atenção da população sobre os limites políticos institucionais da democracia burguesa. Antes que o horário eleitoral comece com seu espetáculo(e dependendo do partido em questão, com propagandas dignas de Goebbels...), a arte precisa cavucar a sensibilidade dos trabalhadores.
Uma cultura feita no micro-ondas nos dá a falsa impressão de que estamos todos ferrados, vendidos e manipulados. Bem, sem ignorar a capacidade midiática da burguesia e de outras forças sociais para alienar, creio que a criação artística coloca o lúdico contra a obediência cega ao consumismo e ás lorotas de muitos partidos. Mário Pedrosa disse que a criatividade é " a coisa mais revolucionária "; não só concordo com ele como acho que é pela criatividade que podemos expor um enorme campo de liberdade: é a expressão gratuita, que não serve á nenhuma razão de Estado e á nenhuma empresa capitalista, que nos pode fazer redescobrir coisas que a sociedade alienada esqueceu. Criando livremente, transformando espectador em artista, estaremos exercitando a liberdade mais profunda, negada pelo capital. É o exercício experimental de liberdade que Pedrosa tanto defendeu.

                                                                                                      Marta Dinamite
  

domingo, 13 de julho de 2014

Mais importante que " o dia do rock " é pensarmos a rebelião musical:

Nunca entendi muito bem qual seria a necessidade de uma data para se celebrar " o dia do rock ". Tá, a realização do Live Aid em 1985, explica a data. Mas a pergunta é: que diabos seria o rock hoje? Aproveitando a ocasião, venho eu com meu discurso dizer mais uma vez que se o rock não for contextualizado á luz das rebeliões culturais de juventude, ele não passará de uma curiosidade musical que rende cultos, ingressos de shows, discos luxuosos e mais nada. É o inconformismo juvenil que condiciona os melhores momentos do rock, seja com a " juventude transviada " dos anos cinquenta, com a explosão contracultural dos anos sessenta e com a anarquia punk a partir do final dos anos setenta. Desdobramentos musicais do que foi produzido nestas décadas rolaram anos a fio. 
Qual seria o resultado desta herança musical hoje?  Além das relíquias a preços salgados de bandas e cantores consagrados, restam caricaturas. Não falo na morte do rock, coisa que Jim Morrison já tratava em 1969(!). Como fã de rock gostaria apenas de focar que a garotada é quem sempre possui as qualidades políticas para atacar os valores da sociedade estabelecida, e é ela quem deve fazer a renovação do rock. Sem o ataque, a crítica e o protesto raivoso(porém sensual e de natureza utópica), rock é coisa embalsamada. Que as inúmeras bandas bacanas que estão por aí(inclusive no anonimato) politizem o seu som e deem continuidade(renovada e não xerocada) ao rock. 

                                                                                                   Tupinik

Sem cultura afro não haveria arte moderna:

A crise da civilização burguesa deflagrada pelos movimentos de vanguarda, fez ruir a caquética beleza greco-romana. Esta evidência histórica ocorrida durante a Belle Époque, embasava-se em novos padrões estéticos, promotores de uma verdadeira Revolução cultural. Mas o que precisa ficar cada vez mais claro no estudo deste período ímpar da História da arte ocidental, é que a cultura afro foi um componente fundamental neste processo de ruptura estética. É exatamente esta contribuição que chacoalhou a poeira conservadora da pintura e da escultura, que a exposição Do Coração da África, que está ocorrendo no MASP, revela. Com Curadoria de Teixeira Coelho, a exposição conta com 49 obras realizadas até a primeira metade do século passado por tribos da nação dos iorubás. 
  Este evento é imperdível para que se entenda a rebelião estética moderna como gesto( formal e ao mesmo tempo político) enraizado na cultura afro. É a África, saqueada pelo imperialismo europeu, que reage contra a burguesia minando os padrões expressivos da arte europeia: Pablo Picasso e o cubismo de um modo geral, que o digam! É portanto este significado de contestação social, já percebido pelo crítico Mário Pedrosa ao referir-se ao cubismo, que precisa ser acentuado.

                                                                                       Os Independentes

sábado, 12 de julho de 2014

O aniversário de Pablo Neruda:

Neste sábado comemora-se o aniversário de Pablo Neruda(1904-1973). A data soma-se com a exposição de vinte poemas inéditos do autor, realizada pela fundação que administra o acervo do poeta em Santiago. Neruda é pura polêmica, já que sua trajetória literária e política esbarra-se nas contradições do stalinismo e em momentos trágicos do século passado como a guerra civil espanhola(1936-39). Segundo o poeta chileno sua militância em direção ao comunismo deu-se a partir deste evento que marca a luta contra a ascensão do fascismo. Neruda, que filiou-se ao Partido Comunista chileno somente em 1945, foi um poeta de extremo talento e de péssimas escolhas políticas: o culto á figura de Stálin, foi uma das taras de Pablo Neruda que junto a uma parte de sua geração de artistas e escritores, entregou-se cegamente. 
 Apesar do incidente stalinista, não podemos deixar de contemplar a magnitude das poderosas imagens que emanam da poesia de Pablo Neruda. Os companheiros trotskistas deste periódico que me perdoem, mas não podemos falar em poesia revolucionária ou em arte engajada sem que os versos de Neruda sejam evocados.

                                                                                               Lúcia Gravas 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Na trilha do Teatro Socialista:

A busca por um teatro socialista se dá mesmo quando não ocorrem(ainda) a coletivização dos meios de produção. Por mais distante que possa parecer a chegada do socialismo, sua construção no plano dos valores requer que o teatro seja capaz de redefinir as relações sociais. Um teatro de invenção, aberto ao gosto popular e disposto á pichar com agressividade cênica as falsas imagens da mídia burguesa.
 Pode-se dizer que no atual momento, feito de frustração, quando um povo(quase) inteiro submeteu seus anseios mais profundos á bola que rolou pelo gramado e arrancou o caneco das mãos dos brasileiros(mas este caneco mudaria algo, socialmente falando?), o teatro pode ao menos chegar aonde o povo está. Nas feiras, nas praças, nos terminais rodoviários, pessoas olham atônitas, sabendo que algo não vai bem já que a economia dá dentadas em nossos bolsos. Agilidade cênica, falas explosivas e o humor intencionalmente subversivo, podem ajudar na desconstrução das jaulas mentais. Não é tanto que o teatro leve mecanicamente ás mudanças(este seria um raciocínio idealista e não materialista). Trata-se de situar a ação teatral enquanto elemento que integra-se á realidade do proletariado brasileiro. 
  Acreditamos que as lições de gente como Maiakóvski e Meyerhold no terreno teatral, são valiosas para  um teatro de agitação no Brasil. Talvez a maior lição do teatro soviético seja exatamente a teatralização da vida, da rotina. Ao atuarmos na direção do socialismo, os papeis impostos pelo capital perderão o seu sentido de ser.

                                                                                            Geraldo Vermelhão

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Glauber Rocha é fundamental no debate estético da esquerda:

Enquanto pensador da cultura brasileira, Glauber Rocha permanece enquanto intérprete revolucionário. É bem verdade que vários culturalistas tentam apropriar-se do seu legado cinematográfico, de sua herança estética, tentando inutilmente transformar Glauber em um artista pós-moderno. Esta forçação de barra possui claros propósitos ideológicos, pois ela visa desvincular o cinema/pensamento de Glauber Rocha do marxismo. Ainda que Glauber não seja um seguidor " convencional " do materialismo dialético, suas pesquisas estéticas estão totalmente pautadas pela luta de classes e pelo ataque ao imperialismo. Talvez ao longo da sua trajetória intelectual, Glauber estivesse mais interessado em Brecht, no cinema soviético, na literatura brasileira de esquerda dos anos trinta e no Surrealismo do que na leitura/aplicação sistemática das ideias de Marx e Engels. Porém, isto não diminui em nada a violência revolucionária da sua obra. A exemplo de Oswald de Andrade, Glauber não nega o marxismo mas o amplia na direção de novos componentes sócio-culturais do Brasil, que somam-se ao projeto comunista. 
 O que muitos culturalistas não levam em conta na obra de Glauber Rocha, é que ela entra em conflito com as limitadíssimas visões artísticas da esquerda das décadas de sessenta e setenta. Recusando o receituário do zhdanovismo e de outras estéticas pautadas por um realismo caretão, o cineasta baiano nunca deixou de estar no campo político da esquerda.Seus filmes, manifestos e livros revelam em sua diversidade um esteta militante que fez da guerrilha cultural uma tática de confronto. Seu gigantesco esforço artístico não poderá florescer se ele ficar entre críticos e intelectuais que o tomam como objeto de estudo mas o rechaçam em suas implicações estéticas-revolucionárias. Portanto marxistas que de fato desejam contribuir com uma arte capaz de participar da luta contra a classe dominante , devem inserir Glauber Rocha nos seus debates culturais. 

                                                                              Afonso Machado 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

É chegada a hora dos escritores proletários:

Já que a bola da Copa furou, é preciso que os escritores revolucionários, sejam eles romancistas, poetas, contistas, etc, percebam que eles possuem neste momento uma tremenda força política. Com a classe trabalhadora frustrada, não tem esquema midiático que consiga mobilizar as emoções das massas. E não acredito que se o escritor fizer a crítica das formas de alienação ele esteja abrindo alas para uma direita raivosa. Se esta direita avança, uma nova crítica revolucionária precisa cavar espaço, inclusive no plano cultural. Denunciar um nacionalismo pretensamente " popular " não é fortalecer a direita, mas reorientar a ideologia da esquerda. Portanto, nestas circunstâncias, os escritores podem nos bairros operários estimular a leitura de uma literatura realista que possibilita uma outra leitura da realidade brasileira: desfeita a embriaguez alienante e chegada a ressaca, as letras possuem a missão política do esclarecimento sobre a situação concreta do trabalhador brasileiro, e portanto o seu papel político que confere sentido a sua situação de classe. Uma literatura combativa é indispensável na construção da hegemonia da classe operária. Escrevam a verdade que os falsos holofotes do nacionalismo não podem mais esconder!


                                                                               Lenito

Sobre a missão libertária do Surrealismo:

(...) " Lembremo-nos de que a ideia surrealista visa, simplesmente, á recuperação total de nossa força psíquica por um meio que mais não é do que a descida vertiginosa ao interior de nós mesmos, a iluminação sistemática dos lugares ocultos e o obscurecimento progressivo dos outros lugares, o passeio perpétuo pela zona proibida(...). O surrealismo, visto que, muito especificamente, faz parte de seu programa proceder á crítica das noções de realidade e de irrealidade, de razão e desrazão, de reflexão e de impulso , de saber e de ignorância " invencível ", de utilidade e de inutilidade, etc; tem, analogamente ao Materialismo Histórico, ao menos esta tendência a partir do " aborto colossal " do sistema hegeliano. " (...).

                                                                                  André Breton, 1930

Agressividade musical:

Enquanto aspecto fundamental da superestrutura, a música não pode na sociedade brasileira atual, ficar com timbres levinhos e coreografias ridículas. Canções intencionalmente " mal criadas ", compostas com toda fúria estética de jovens músicos que não suportam a mobilização midiática para sentimentos patrióticos e reflexões cavalares, precisam ganhar espaço. Para que o verde e amarelo desbote, o protesto musical(minha tecla favorita neste periódico), estará nas mãos daqueles que desejam fazer muito barulho porque não aguentam a letargia nacional. As referências? Indispensável dizer que o bom e velho punk rock será arma de combate cultural. Ouvir as sementes do punk, como os Sex Pistols(por volta de 1977, é claro...), será muito instrutivo para a perseverança da música iconoclasta.

                                                                                             Tupinik

Trotski comenta o Futurismo russo:

(...) " O futurismo russo nasceu numa sociedade que ainda cursava a escola preparatória da luta contra Rasputim e se apresentava para a revolução democrática de fevereiro de 1917. Isso trouxe vantagens ao nosso futurismo. Ele assimilou ritmos de movimentos, ação, ataques e destruição ainda imprecisos. Conduziu a luta por um lugar ao sol com mais dureza, resolução e barulho que todas as escolas precedentes, o que se conciliava com o atavismo de seus rumores e pontos de vista. O jovem futurista decerto não ia ás fábricas, mas fazia muito ruído nos cafés, derrubava estantes de música, enfiava a blusa amarela , pintava suas faces e vagamente ameaçava com o punho " (...).


                                                                                     Leon Trotski, 1924.

Do Romance Social " SUOR ", de Jorge Amado:

(...) " Os operários pleiteavam um aumento de salários. O plano desenvolvera-se vitorioso e a totalidade dos trabalhadores se comprometera a aderir. Acreditavam que essas adesões se estendessem aos operários da estrada de ferro, aos condutores de ônibus, aos assalariados de várias fábricas. Porém dois dias antes do marcado para o início do movimento começaram a circular boatos alarmantes. Corria que os grevistas tinham sido denunciados, notícia logo confirmada por algumas prisões. A greve fracassara "(...).

                                                                                            Jorge Amado, 1934.