sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um dos pioneiros da Arte proletária brasileira:

O sentimento de urgência social em arte, depende não só da sensibilidade mas do nível de consciência política do artista. A este respeito é fato que as lutas de 2013 influenciam hoje no caráter social da arte, afastando assim as moscas pós-modernas com seu zumbido oco e despolitizado.Mas para nos livrarmos totalmente delas, temos ainda que remover " a caridade " e o gesto " piedoso " da arte que tem por tema os problemas sociais. Sendo assim o artista que quiser participar da luta, precisa beber na fonte genuína da nossa arte proletária: ele tem que entrar na onda de gente como Lívio Abramo. Para este gravurista de origem proletária, a militância política era inseparável da militância artística.
  Sem nunca ter caído em demagogia, Lívio Abramo projetou sobre as formas que brotavam da madeira, a plástica da luta de classes. Ele é um dos precursores que aliou a modernidade estética com a causa operária. Suas principais gravuras pertencem as décadas de trinta e quarenta, quando ele imprimiu em nossa arte militante os traços do expressionismo. Foi um momento em que o modernismo viu a insuficiência dos salões isolados, necessitando assim engajar-se nas lutas sociais descortinadas pela crise econômica dos anos trinta. 
  Circulando sua obra dentro das vanguardas política e artística, fortalecendo a imprensa operária com suas ilustrações, este gravador soube abordar corretamente a luta dos trabalhadores brasileiros por meio da arte: ele transpõe para os xilos e os linóleos o espaço social do trabalho, com as melancólicas chaminés das fábricas e com o operário enfrentando a exploração capitalista. São traços objetivos, fortes, deixando transparecer a consciência de classe. São de 1935 por exemplo as obras Operários e Vila operária.
   Atendendo a necessidade de conscientizar os trabalhadores, os artistas trabalhadores dos nossos dias devem recorrer ao exemplo de Lívio Abramo, procurando estar ao lado do proletariado e não ficar no ativismo de classe média. Se todo o esforço político não mobilizar os trabalhadores, então militantes e artistas-militantes serão alvo fácil para a repressão. Ou a arte rebelada expressa a opção de classe ou ela evapora junto com o gás lacrimogêneo.


                                     Lenito

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