terça-feira, 29 de outubro de 2013

A transgressão do Rock pode ser útil á luta:

A morte de Lou Reed, um dos artistas responsáveis pelo aprimoramento estético e pela radicalização comportamental do rock entre os anos sessenta e setenta, nos leva a refletir aqui sobre a relevância política deste gênero musical. Se um dos erros fundamentais do rock foi a ambiguidade com o mercado, Lou Reed será lembrado por ter sido indigesto e por ter vendido poucos discos. Acredito que o período mais interessante de sua obra esteja no fim dos anos sessenta, ou seja quando ele liderou a banda The Velvet Underground. O legado do Velvet ensina os rockeiros de hoje a fazerem arte sem se preocuparem com o mercado. Apadrinhada por Andy Warhol(que não tinha absolutamente nada de revolucionário) a banda se inseriu num cenário avesso ao otimismo colorido dos hippies: o Velvet Underground era áspero , sujo e cínico como o submundo de Nova York.
  No imprevisível laboratório artístico da Factory de Warhol, a banda era a grande expressão do experimentalismo na música. Pois bem companheiros, o que essa gente toda tem a contribuir com o debate sobre as relações entre arte e política? Como este rock experimental pode ajudar na luta contra a cultura burguesa? Sendo a própria burguesia uma classe que preza pelo solar, pelo sorriso de plástico , pela estabilidade das relações amorosas e pelo faz de conta industrial que oculta as contradições do mundo urbano, então fica evidente o poder de transgressão do Rock do Velvet: além do som imprevisível e portanto difícil de ser controlado pelas exigências industriais, as letras de Lou Reed colocam no melhor estilo pulp os tipos  sociais mais selvagens, livres  e " desagradáveis "(aos olhos do burguês, é claro) do submundo  de NY. A sinceridade brutal com que Reed exprimia os becos e os tabus da cidade, nos leva a uma reflexão sobre as contradições da sociedade burguesa. Cara, este rock tem um grande valor de antítese, de recusa e de liberdade formal. Basta pensarmos no primeiro álbum da banda The Velvet Underground and Nico, de 1967, em que clássicos como I`m Waiting for the man, Heroin e Venus in Furs, estão pau a pau com o melhor da vanguarda, não apenas musical mas artística em geral, dos anos sessenta. Penso que os companheiros devam estar atentos a este tipo de música.


                                       Tupinik

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